terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Plebiscito: Entidades articulam início da campanha no Tocantins

No Tocantins, a primeira reunião de articulação da Campanha do Plebiscito Popular por Uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político foi realizada na segunda-feira, 9, em Palmas.

Representantes de dez entidades participaram da reunião e  iniciaram o debate sobre a instalação do Comitê Estadual que viabilizará a campanha pelo plebiscito no Tocantins.

A próxima reunião acontece no dia 16 de dezembro, às 9h, no auditório do Hotel Estrela, em Palmas, e é aberta para organizações e movimentos sociais interessados em debater e propor um novo sistema político para o país.

Participaram da primeira reunião: CUT – Central Única dos Trabalhadores do Tocantins, IPDMS - TO, JPT, MAB, MST, MMM, Sintet, Sinfce-TO – Sindicatos de Instrutores de Trânsito e Funcionários de CFC no Tocantins, Sindicato dos trabalhadores da Construção Civil, Mobiliário, Cerâmica do Estado do Tocantins e SINTECT-TO – Sindicato dos Trabalhadores nos Correios.

A cartilha do Plebiscito Popular está disponível no link: http://www.cut.org.br/cut-em-acao/98/galeria-de-fotos

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Tocantins participa do Encontro Nacional de Formação de Formadores

Entre os dias 06 e 08 de dezembro aconteceu na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em São Paulo, o I Encontro Nacional de Formação de Formadores para a campanha do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, que tem como objetivo discutir as mudanças no atual sistema político brasileiro.

O Encontro teve como objetivo formar os militantes para a campanha que inicia em todos os estados a partir de março de 2014, prazo para a formação dos formadores estaduais. Mais de 80 entidades participam da campanha do Plebiscito.

Durante a formação foi discutido como será construído o Plebiscito para uma nova Constituinte do Sistema Político, tendo como base a Cartilha que já está disponível para download no site da campanha www.plebiscitoconstituinte.org.br. As mudanças no sistema político, não restringe-se ao sistema eleitoral, mas sim às reformas estruturais que alterarão a atual organização do sistema político brasileiro, sendo elas a reforma agrária, reforma urbana, mudanças na saúde, educação e moradia, democratização da comunicação.

Para que essa luta seja uma vitória da classe trabalhadora temos como tarefa do dia construir a unidade entre os movimentos e entidades uma vez que o atual Congresso não nos representa. Após a construção e participação no I Espaço de Formação para o Plebiscito Popular, alguns encaminhamentos que temos são: construção e lançamento do comitê regional, articulação da comunicação, organização das finanças e organização dos espaços de formação.

Do Tocantins participaram as representantes da Marcha Mundial de Mulheres, Cleide Diamantino e Renata Petarly, Movimento dos Atingidos por Barragens, Liany Barbosa, e IPDMS - Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais, seção Tocantins, Flávia Quirino.

Por Cleide Diamantino/ colaboração: Flávia Quirino

“O POVO QUER TÁ NO PODER, O POVO QUER PARTICIPAR, POR ISSO VAMOS CONSTRUIR O PLEBISCITO POPULAR!”  

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

“Negros e pobres ainda são tratados como inimigos internos”

Por Tatiana Merlino

“O que as violações ocorridas durante a ditadura militar tem a ver com a segurança pública hoje?”, questionou Luiz Eduardo Soares, durante audiência pública da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”, ocorrida nesta quinta-feira, 28, na Assembleia Legislativa de São Paulo.

“Tudo”, ele mesmo respondeu. “O Brasil continua torturando e matando pobres e negros, tidos como inimigos internos, suspeitos. Qual conexão e referências à ditadura que praticava violações de forma sistemática com prática ainda persistem nas instituições policiais? [São práticas que] não envolvem todos, mas incluem contingentes numerosos, que se sentem autorizados a perpetrar brutalidades contra inimigos internos”.

A autorização para cometer as violações, acredita Soares, não é dada exclusivamente ou necessariamente pelos superiores dos agentes policiais. É dada também pela sociedade, “que aplaude as ações, ou se omite diante dos fatos”, e governos, “muitas vezes por omissão” outras por “intervenções proativas” que acabam tolerando e se tornando cúmplice dessas práticas.

Há, também, a responsabilidade do Ministério Público, explica Soares, que deveria zelar pelo controle externo das atividades policiais, mas “por omissão ou ação insuficiente acaba se tornando cúmplice”. A Justiça, explica “na sua passividade aristocrática, consagra e abençoa a continuidade dessas práticas”.

Violência estrutural

A manutenção de práticas de tortura e assassinatos cometidas pelos agentes do Estado mesmo após a transição da ditadura para a democracia, acredita o professor, é resultante de um processo histórico do Brasil. “A ditadura não inventou a violência institucional. Ela é parte da nossa história, assim como o racismo estrutural, a escravidão e o autoritarismo. Infelizmente eles sempre fizeram parte da nossa história”.

O que a ditadura fez, aponta, “foi deslocar o foco para os militantes de oposição”.  Pois, antes disso, o foco eram os negros e pobres. E depois da transição, seguiu sendo os negros e pobres, “dando continuidade ao processo”.

Ou seja: “A ditadura não inventou a violência policial, ela a qualificou, a tornou prática organizada de política de Estado”.

Na transição para a democracia, “embora tenhamos entoado hinos e glórias ao Estado democrático de direito”, aponta esqueceu-se que a transição passou de forma insuficiente pelas áreas de segurança pública, “que acabaram não sendo submetidas a um processo de transformação”.

A maneira brasileira de fazer a transição, de forma negociada, defende o antropólogo “jogou para debaixo do tapete muitas mortes e crimes. Isso não se faz impunemente”.

Assim, entre os elementos de continuidade da ditadura existentes na democracia brasileira, está a lógica de que os fins justificam os meios.

“E à medida em que a inadmissibilidade da tortura não foi submetida a uma revisão profunda do ponto de vista ético, a sociedade aplaude, e os profissionais continuam adotando as mesmas práticas”.

Aulas de tortura

De acordo com o antropólogo, até 1996, na Polícia Civil do Rio de Janeiro, havia aulas de “como bater”. “Não eram aulas de defesa pessoal, que são indispensáveis e sim aulas de como bater em alguém”.

O Bope [força de operações especiais da PM do Rio de Janeiro], por sua vez, oferecia aulas de tortura até 2006. “Quer dizer, não é resultado de uma veleidade ideológica de um ou outro, mas sim um procedimento institucional”.

No Rio de Janeiro, explica Soares, de 2003 a 2012, 9646 pessoas foram mortas em ações policiais. Desse universo, não se sabe quantas são mortes extra-judiciais. “Ninguém sabe porque não há investigação”.

Outro dado apresentado é que entre os casos de resistência no Rio de Janeiro, menos de 3% deles são investigados.

“O MP raramente se debruça sobre esses casos, apenas quando há envolvimento de pessoas de classe média e quando isso ocupa espaço na mídia”.

Na opinião do professor da UERJ, o que acontece é uma naturalização da falta de informação e ausência de procedimentos institucionais que visem com rigor a suspensão de tais práticas. E, para ele, a naturalização é o processo de autorização social para tais procedimentos.

“Por isso a importância do caso Amarildo. Ele deu rosto, nome, endereço, classe social e espaço territorial a um processo vago, genérico, sem biografia e que não gerava empatia”.

Luiz Eduardo Soares sustenta que não é possível pensar em segurança pública sem que as instituições responsáveis por provê-la cumpram a lei, respeitem a Constituição e os tratados internacionais endossados pelo Brasil, “de modo a merecer a autoridade que o Estado de direito lhe confere”.

Campeão em mortes

A exemplo da gravidade do problema da segurança pública no Brasil, Soares lembrou que por ano, no Brasil, há 50 mil homicídios dolosos.

“É uma barbaridade, um número monstruoso em termos absolutos, nos colocando na segunda posição do mundo, atrás apenas da Rússia”.

Desses 50 mil casos, pesquisas apontam que em média, apenas 8% são investigados.  Ou seja, 92% dos homicídios dolosos seguem impunes.

Junto a isso, o país tem a quarta população carcerária do mundo: 550 mil presos, num crescimento acelerado em relação a 1996, quando o número era de 140 mil.

“Estamos atrás dos EUA, China e Rússia, mas numa competição que tende a nos elevar nesse campeonato mórbido”.

Os que cumprem pena por homicídio representam 12% do universo penitenciário, 40% estão em prisão preventiva e dois terços cumprem pena por crimes contra o patrimônio ou tráfico de drogas. 64,6% são negros e de baixa escolaridade e renda.

“Não precisa ser sociólogo ou estudar especificamente o tema para concluir que o que está acontecendo é a aplicação seletiva de filtros legais. Estamos projetando a legalidade a partir de refrações, como a classe social, cor da pele, território. Isso significa que os profissionais responsáveis pela acusação e julgamento são todos cúmplices de um grande um complô racista e voltado contra os pobres de forma consciente? Não, isso significa que o país é profundamente racista e classista”, analisa Soares.

Apesar de o tema ser tão importante, pondera o professor, o Brasil nunca discutiu a questão coletivamente, “isso nunca esteve na agenda pública.  Dificilmente a sociedade se debruça sobre o modelo policial”.

O que fazer?

Soares lista cinco pontos que acredita ser fundamentais na arquitetura institucional da política de segurança pública do país: aumento da responsabilidade da União Federal, o empoderamento dos municípios, ciclo completo, carreira única, revisão da estrutura militar.

“Não devemos discutir a questão da desmilitarização isoladamente, ainda que ela seja indispensável”.

Sobre a defesa da carreira única dos policiais, Soares lembra que dois universos convivem na mesma instituição: na PM, são praças e oficiais; e na polícia civil, oficiais delegados e não delegados, “com salários e prestígios diferentes. Por isso, a carreira única me parece imprescindível”.

Já sobre a unificação do ciclo, hoje, há a PM fazendo o trabalho ostensivo e a civil o investigativo. “Precisamos que haja integração”.

Para Soares, não faz sentido a Polícia Militar se organizar à semelhança do Exército. “Isso faria sentido se as finalidades fossem as mesmas, mas não são”.

Entre as tarefas policiais, aponta, há inúmeras delas que são de alta complexidade e que exigem adaptação. “Elas não são compatíveis com uma estrutura rígida”.

Já os confrontos correspondem a um percentual mínimo das atividades cotidianas, e para tal, deve haver unidades organizacionais específicas para confronto, “para atuar dentro da legalidade e respeitando os direitos humanos”.

Segundo ele, a ideia de que desmilitarizar fere os profissionais é absurda.

“Estou falando de eficiência, capacidade de prevenção, profissionais mais valorizados. Não significa desrespeito à hierarquia, nem a ausência dela”.

Questionamento

Durante a audiência, o presidente da Comissão da Verdade de São Paulo “Rubens Paiva”, deputado Adriano Diogo, questionou o coronel Glauco Silva de Carvalho, da área de direitos humanos da Polícia Militar, que estava presente na atividade.

“Por que só a Comissão de Direitos Humanos e a Comissão da Verdade tem um policial anotando tudo que acontece nas audiências, embora tenhamos sistema de gravação? Por que tanto privilégio? Quais são os relatórios que são enviados para comando, a respeito das audiências?”

Logo depois, o presidente da Comissão pediu ao coronel cópias dos tais relatórios feitos pela PM.

Também participaram da audiência o delegado Maximiliano Fernandes Filho, o tenente Francisco Jesus da Paz e a cineasta Luciana Bulamarqui, diretora do filme “Entre a luz e a sombra”, exibido ao final da audiência.

Luciana leu e entregou à Comissão uma cópia de um abaixo assinado defendendo a desmilitarização da PM.

Tatiana Merlino é jornalista, assessora da Comissão da Verdade de São Paulo “Rubens Paiva”

A oposição que virou pó

Do site cartamaior

A pesquisa mais recente do Instituto Datafolha foi uma ducha de água fria para os partidos de oposição e um sapo grande e gordo que a velha mídia oligopolista teve que engolir.

Só Dilma cresceu. Todos os demais postulantes ao cargo de presidente em 2014 caíram. A chance de vitória de Dilma em primeiro turno elevou-se. O quadro menos negativo para o tripé oposicionista (por enquanto, PSDB, PSB e PSOL – ainda é incerto se o PSC de Marcos Feliciano lançará candidato) depende de duas candidaturas para lá de improváveis: José Serra, pelo PSDB, e Marina Silva, pelo PSB. Mesmo assim, os nomes de Serra e Marina estão com viés de baixa, em intenções de voto, e de alta, em rejeição.

Aquela imprensa “isenta” (isenta de pagar impostos) alvejou a pesquisa anterior, feita pelo Ibope. Tanto que o telejornal que é expoente desse jornalismo “isento” a noticiou pela metade, sonegando os dados que indicavam vitória de Dilma em primeiro turno. Segundo seus mais tradicionais articulistas e comentaristas, Dilma estava empacada. Diziam que a pesquisa não trazia muita novidade e os resultados nem mesmo deveriam ser levados em conta, pois não tinham sofrido o impacto da prisão dos petistas condenados pela AP 470 (o processo do mensalão).

Pois bem, sob o pesado bombardeio das notícias sobre a prisão de petistas, do terrorismo fiscal e do clima de que tudo vai de mal a pior, Dilma cresceu 5 pontos em intenções de votos, comparativamente à pesquisa anterior do Datafolha.

A torcida midiática que acalenta o sonho de Joaquim Barbosa candidato em 2014 também recebeu uma má notícia. Barbosa, que por ser juiz tem o privilégio de decidir sobre uma eventual candidatura até abril do ano que vem, não provocaria 2.º turno. Apenas levaria Aécio e Campos a amargarem, respectivamente, um melancólico 3.º e 4.º lugares na corrida presidencial.

A candidatura do PSDB tem dificuldades de decolar. Carrega um fardo pesadíssimo nas costas, que interessa a apenas 1% da população: o discurso da estabilidade econômica às custas de arrocho fiscal, que continua sendo seu principal foco. Aécio se associa com orgulho às heranças do governo FHC, o que funciona como uma bola de ferro em seu calcanhar. Qual a única proposta de política social feita por esse candidato, até o momento? Manter o Bolsa Família. O resto é “vamos conversar”.

Depois de uma década fora da Presidência da República, o minimalismo liberal dos tucanos atrofiou por completo sua parte do cérebro que deveria pensar a sociedade como algo mais que um simples subproduto da economia de um país. O treinamento na Casa das Garças, templo do pensamento liberal que reúne os sacerdotes do Plano Real e banqueiros, é um dos responsáveis por essa teimosia.

Sua catequese parte da premissa de que o Brasil tem que ser transformado em uma ave de pequeno porte, de preferência evitando qualquer confronto com a águia norte-americana. Já quiseram transformar o Brasil em uma Irlanda. Parece que mudaram de ideia depois do que ocorreu com a Irlanda. Voltaram a ressuscitar o Chile – quem sabe Michelle Bachelet os faça mudar de ideia. Agora estão badalando o México. Alguém se empolga com a ideia de transformar o Brasil em um México? Poucos. Um do que se empolgam é a candidatura Campos-Marina Silva, que igualmente enveredou pelo da Casa das Garças e conta com a assessoria expressiva de uma parte dos banqueiros e economistas que a frequentam.

Ainda falta um longo caminho para 2014, e boa parte do que se esconde no saco de maldades para as eleições ainda será posto para fora. É justamente esse o aspecto mais positivo da pesquisa Datafolha para a política brasileira. É o fato de que a oposição baseada não em um programa alternativo de políticas públicas, mas na simples execração e criminalização do partido de Dilma e Lula, tem colhido como resultado um tiro no pé.

Quando se fala em oposição, entenda-se bem, estamos nos referindo não apenas aos partidos, mas ao setor da imprensa que se comporta como o partido da ideologia do medo e do ódio -  medo e ódio aos partidos de esquerda, à participação do Estado na economia, às políticas de promoção social baseadas no princípio da solidariedade coletiva, e não da competição individual. Esta oposição, que tem na velha imprensa tradicional seu representante mais extremista, tem sido sistematicamente derrotada, eleição após eleição, desde Lula. Derrotada não necessariamente em seu projeto. Os banqueiros e a velha mídia continuam dando a linha da expectativa de muitos setores da economia e mesmo mandando em muitas áreas de governo. Mas estão sendo derrotados em sua pretensão mais especial: a de que são os “grandes” formadores de opinião do país. Tal pretensão arrogante e manipuladora tem sido reduzida a pó e forçada a aterrissar, junto com os pilotos de suas aeronaves partidárias, a cada pleito presidencial.
(*) Antonio Lassance é Doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília.