quarta-feira, 22 de maio de 2013

Debate sobre “A democratização do ensino superior”

Foi com muito esforço e muita vontade de contribuir com o debate, que o IPDMS/ Tocantins participou na terça-feira, 21, da aula magna do curso de direito da UFT/Palmas em mesa-redonda sobre “A democratização do ensino superior”.

O evento fez parte da comemoração dos 10 anos da UFT – Universidade Federal do Tocantins e segundo o reitor da instituição, Márcio Silveira, “é necessário a discussão, cada vez mais aprofundada sobre essas políticas de ações afirmativas. A UFT é do povo do Tocantins e é o povo que deve ocupar este espaço”.

Após a solenidade de abertura, a mesa-redonda foi mediada pela professora Dra. Ana Lúcia, socióloga, docente do curso de Direito da UFT e que é coordenadora do Projeto de Extensão Ordem Judicial Igualdade Étnico-Racial e Educação.

O debate começou com a exposição do Dr. Humberto Adami, que é especialista em casos que envolvem racismo e discriminação racial, é bacharel pela UnB e possui Mestrado pela UERJ, além de ter participado ativamente no julgamento de constitucionalidade da Lei de Cotas no Supremo Tribunal Federal - STF. A sua fala começou com uma crítica ao mito da democracia no Brasil. “Como pode existir democracia, se até há pouco tempo atrás, apenas 2% dos negros estavam na Universidade. É preciso oferecer condições de acesso a quem historicamente foi marginalizado”.

Assim, as cotas surgem na perspectiva de reparar a dívida histórica que a sociedade brasileira tem para com as minorias excluídas, e infelizmente ainda existem Universidades que resistem em apoiar esse sistema, a exemplo da USP, porém, o debate segue firme, e surge na perspectiva de incluir o sistema de cotas também para o acesso ao emprego público.

O professor da Rede Municipal de Ensino e membro do IPDMS, Vinícius Luduvice, falou não só da importância de dar condições de acesso, mas também da necessidade de dar condições de permanência, para que o/a estudante possa se formar com qualidade, assim existe a necessidade também de discussão das políticas de assistência estudantil.

Democratização
Outro ponto destacado pelo Professor foi a necessidade da Universidade pública, restituir o investimento que lhe é dado, pela comunidade, através da pesquisa e da extensão. “A universidade precisa chegar até as minorias, e as minorias precisam chegar a Universidade, essa relação só vai ser possível, com um ensino, uma pesquisa e uma extensão de qualidade e referenciada socialmente. Entendo que a luta não deve ser só pela democratização do acesso a Universidade, isso é muito importante, mas para mudarmos as coisas estruturalmente, devemos lutar também e em conjunto pela democratização dos meios de comunicação, pela democratização da terra, do solo urbano e rural, pelo fim da homofobia, do machismo, do racismo”.

Outro ponto colocado em debate foi o fato da maioria das Universidades e redes de ensino da Educação básica no Brasil não cumprirem a lei 10.639, que obriga incluir a temática "História e Cultura Afro-Brasileira" nas suas grades curriculares de ensino. “É preciso desmistificar que a história do negro e da negra no Brasil seja só a história da escravidão, o conhecimento, a cultura, a arte negra precisam ser reconhecidas e tratadas com dignidade, não vamos mais aceitar sermos eternos escravos”, destacou Dr. Humberto Adami.
(Texto de Jeffirson Ramos, Flávia Quirino e Rose Santana)

Sugestão de leitura:

Nenhum comentário:

Postar um comentário