Foi com muito esforço e muita vontade de contribuir com o debate, que o
IPDMS/ Tocantins participou na terça-feira, 21, da aula magna do curso de
direito da UFT/Palmas em mesa-redonda sobre “A democratização do ensino
superior”.
O evento fez parte da comemoração dos 10 anos da UFT – Universidade
Federal do Tocantins e segundo o reitor da instituição, Márcio Silveira, “é necessário a discussão, cada vez mais
aprofundada sobre essas políticas de ações afirmativas. A UFT é do povo do
Tocantins e é o povo que deve ocupar este espaço”.
Após a solenidade de abertura, a mesa-redonda foi mediada pela
professora Dra. Ana Lúcia, socióloga, docente do curso de Direito da UFT e que
é coordenadora do Projeto de Extensão Ordem Judicial Igualdade Étnico-Racial e
Educação.
O debate começou com a exposição do Dr. Humberto Adami, que é especialista
em casos que envolvem racismo e discriminação racial, é bacharel pela UnB e
possui Mestrado pela UERJ, além de ter participado ativamente no julgamento de
constitucionalidade da Lei de Cotas no Supremo Tribunal Federal - STF. A sua
fala começou com uma crítica ao mito da democracia no Brasil. “Como pode existir democracia, se até há
pouco tempo atrás, apenas 2% dos negros estavam na Universidade. É preciso oferecer condições de acesso a quem historicamente foi marginalizado”.
Assim, as cotas surgem na perspectiva de reparar a dívida histórica que
a sociedade brasileira tem para com as minorias excluídas, e infelizmente ainda
existem Universidades que resistem em apoiar esse sistema, a exemplo da USP, porém,
o debate segue firme, e surge na perspectiva de incluir o sistema de cotas
também para o acesso ao emprego público.
O professor da Rede Municipal de Ensino e membro do IPDMS, Vinícius
Luduvice, falou não só da importância de dar condições de acesso, mas também da
necessidade de dar condições de permanência, para que o/a estudante possa se
formar com qualidade, assim existe a necessidade também de discussão das políticas de
assistência estudantil.
Democratização
Outro ponto destacado pelo Professor foi a necessidade da Universidade
pública, restituir o investimento que lhe é dado, pela comunidade, através da
pesquisa e da extensão. “A universidade
precisa chegar até as minorias, e as minorias precisam chegar a Universidade,
essa relação só vai ser possível, com um ensino, uma pesquisa e uma extensão de
qualidade e referenciada socialmente. Entendo que a luta não deve ser só pela
democratização do acesso a Universidade, isso é muito importante, mas para
mudarmos as coisas estruturalmente, devemos lutar também e em conjunto pela
democratização dos meios de comunicação, pela democratização da terra, do solo
urbano e rural, pelo fim da homofobia, do machismo, do racismo”.
Outro ponto colocado em debate foi o fato da maioria das Universidades e
redes de ensino da Educação básica no Brasil não cumprirem a lei 10.639, que
obriga incluir a temática "História e Cultura Afro-Brasileira" nas suas grades
curriculares de ensino. “É preciso
desmistificar que a história do negro e da negra no Brasil seja só a história
da escravidão, o conhecimento, a cultura, a arte negra precisam ser reconhecidas
e tratadas com dignidade, não vamos mais aceitar sermos eternos escravos”,
destacou Dr. Humberto Adami.
(Texto de Jeffirson Ramos, Flávia Quirino e Rose Santana)
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