Por Altamiro Borges

Pela lógica que impera nas redações da velha mídia, baseada nos princípios da presunção da culpa e da escandalização da política, uma revelação bombástica como esta já teria obtido estrondosa repercussão. No geral, a denúncia é publicada na sexta-feira por uma revista semanal; logo ganha destaque nas emissoras de rádio e televisão, sendo motivo dos comentários hidrófobos dos seus "calunistas"; e passa a ser requentada e amplificada pelos jornalões. Esta lógica, porém, nunca prevalece quando se trata de escândalos envolvendo os principais caciques do PSDB.
Quando a mesma revista IstoÉ publicou a primeira reportagem sobre o "propinoduto tucano", o restante da mídia fez silêncio total. Ela só mudou de postura devido a gritaria nas redes sociais e aos protestos de rua em São Paulo, que passaram a exigir a imediata instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias. A própria ombudsman da Folha, Suzana Singer, reconheceu que esta pressão mudou o comportamento da imprensa. Temendo o desgaste, o Jornal Nacional da TV Globo só mencionou o caso três semanas após a primeira capa da IstoÉ.
Agora, a mídia tucana faz o mesmo com a denúncia sobre a conta secreta do PSDB na Suíça. Se depender dela, o assunto logo caíra no esquecimento. Este silêncio tem motivos políticos - a velha imprensa nunca escondeu que ama os tucanos e detesta o "lulopetismo" - e econômicos. O sempre atento José Augusto, do blog "Amigos do presidente Lula", revelou nesta semana que o governador Geraldo Alckmin torrou em junho mais R$ 3,8 milhões em 15,6 mil assinaturas da Folha, Estadão e Veja. Os tucanos sabem proteger seus "amigos". Já o governo Dilma continua alimentando cobras.
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