Março
é considerado o mês da mulher por termos o dia 8 como Dia Internacional
da Mulher. Mas pouco se sabe sobre os fatos reais que precedem a história
dessa data. O real motivo da comemoração do dia 8 de Março restringe-se, ainda, aos
movimentos feministas.
Desmistificar
os sentidos e significados dessa data, a partir da história das lutas das
mulheres socialistas pela conquista dos seus direitos torna-se tarefa para as
militantes feministas comprometidas com a luta anti-capitalista, anti-racista e
anti-homofóbica.
Caso
alguém se interesse em pesquisar sobre a história do Dia 8 de Março encontrará em alguns
sites a difundida história da catástrofe numa fábrica em Nova York, matando um
grande número de mulheres. O incêndio de fato aconteceu, mas não da forma
contada por alguns textos, e nem foi esse o fato que motivou a real escolha da
data em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres.
O
Dia Internacional das Mulheres foi “criado” em 1910, na Segunda Conferência
Internacional de Mulheres Socialistas, realizado em Copenhague, com o objetivo
de recuperar a história de luta pelo direito da liberdade das mulheres, entre estes o direito ao voto,
principal reivindicação da época. Após a decisão de haver um dia para se
comemorar a conquista dos direitos das mulheres, as comemorações do Dia
Internacional ocorreram em datas diferentes, entre os anos de 1911 e 1920.
Uma
manifestação das mulheres russas pedindo pão para seus filhos e o retorno de
seus companheiros das trincheiras da 1° guerra mundial, no dia 8 de março de
1917, foi que motivou a escolha da data do Dia Internacional das Mulheres. A
data foi definida em 1921, na Conferência de Mulheres Comunistas, em
Moscou. O histórico da escolha do 8 de Março como dia Internacional de
Luta das Mulheres pode ser encontrado no livro As Origens e a Comemoração do Dia
Internacional das Mulheres, de Ana Isabel A. González, produzido pela
editora Expressão Popular e pela SOF (Sempreviva Organização Feminista).
Resignificar
o 8 de Março é trazer para a ordem do dia as reivindicações de lutas históricas
que resultaram em conquistas em prol da liberdade das mulheres. É mostrar para
sociedade, que muito já se conquistou, mas que temos muito a conquistar,
principalmente, no que se refere à implantação de políticas públicas efetivas
que combatam a violência contra as mulheres e que promovam, por exemplo, o
aumento do número de creches para que as mulheres possam adentrar o mundo do
trabalho.
As
reivindicações pelas quais as mulheres
lutam diz respeito à autonomia financeira, a não violência contra a mulher e à liberdade de decidir sobre seu
corpo. Essas reivindicações resultam em igualdade de direitos numa sociedade
sustentada pelo machismo-patriarcal que ainda impõe a submissão da mulher ao
homem. Tal submissão há séculos é sustentada e reproduzida pelo Estado, pela
Igreja, pela escola e pela mídia tornando a superação dessa situação tarefa
complexa, porém possível de ser realizada. As lutas pela liberdade das
mulheres são urgentes e imprescindíveis.
A
mulher foi o primeiro ser humano a ser escravizado, sendo-lhe imposta então sua
condição de subordinação, tendo esse passado colaborado para a visão de
normalidade desta situação de subordinação. (Saffioti, 2013)
Cabe
a nós, mulheres lutarmos por um Projeto Popular de sociedade anti-capitalista,
anti-racista e anti-homofóbica desconstruindo a submissão que nos foi e é imposta
cotidianamente, e construirmos uma nova sociedade a partir da alteração do
sistema de poder, para assim conseguirmos realizar as mudanças estruturais
necessárias como a democratização dos meios de comunicação, reformas
agrária, urbana, na saúde, educação, no judiciário e tributária com intensa
participação das mulheres. Eu
tô na rua é pra lutar por um Projeto Feminista e Popular!
Cleide Diamantino, pedagoga,
militante da Marcha Mundial das Mulheres e membro do IPDMS-Instituto de Pesquisa,
Direitos e Movimentos Sociais – Seção Tocantins.
*Texto publicado no site Conexão Tocantins no dia 7 de março de 2014. Segue o link: http://conexaoto.com.br/2014/03/07/resignificar-o-8-de-marco-tarefa-do-cotidiano
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